18 março, 2016

Efeitos do exercício no paciente com câncer de próstata


O câncer de próstata, sendo o de maior prevalência (29%) entre os homens no Brasil, possui como base de seu tratamento múltiplas intervenções, sujeitas ao grau de estadiamento do tumor. Os efeitos adversos são diversos, independentemente da terapêutica utilizada. 1) Na cirurgia para remoção da glândula (próstata) as sequelas mais comuns são a incontinência urinária e impotência. 2) Na radioterapia, além dos efeitos já citados, também podem ocorrer disfunção intestinal e fadiga. 3) Durante a quimioterapia há incidência de febre, complicações cardiovasculares e neurológicas, infecções, vômitos, diarreia e fadiga. 4) Na terapia de privação de andrógeno (TPA), rubor vasomotor, anemia, fadiga, ginecomastia, osteoporose, perda de massa muscular e de força, obesidade, hiperglicemia, redução da sensibilidade à insulina e redução da qualidade de vida (QV).

Tabela com a estimativa de números de casos de câncer para 2016 (INCA, 2016)

Considerando os possíveis efeitos benéficos que o exercício físico exerce nestas sequelas, em 2003, a pesquisadora Roanne Segal, da Universidade de Ottawa, Canadá, publicou estudo pioneiro no qual, após 12 semanas de intervenção – treino de força (TF) 3X/semana – em 155 homens diagnosticados com câncer de próstata recebendo tratamento hormonal (TPA), observou-se melhoras significativas na fadiga, QV e na força dos membros superiores e inferiores quando comparado ao grupo que não treinou. Entretanto, o achado mais importante foi o de comprovar que o TF, com cargas entre 60 -70% de uma repetição máxima, realizado de forma supervisionada, além de ser benéfico, é seguro e exequível para esta população. (Segal, R. et al.2003) – gráfico com alguns desfechos abaixo.

Valores de Fadiga pré e pós intervenção de pacientes com diferentes tipos de terapêutica para o câncer de próstata (Segal, R et al. 2003) - clique na imagem visualiza-la melhor.
Cabeçalho do artigo citado acima (Segal, R et al. 2003)

Em recém-publicada revisão de literatura, os autores encontraram, após a análise de 13 estudos envolvendo 1053 pacientes em tratamento do câncer de próstata, melhoras significativas na fadiga e QV quando são aplicados protocolos de exercício que contemplem o TF e aeróbico com duração entre 12 e 16 semanas. Os autores concluem que, para a população em questão, o exercício supervisionado oferece uma oportunidade na melhora dessas sequelas de forma segura e a custos financeiros relativamente baixos. (Vashistha, V. et al. 2016) – gráficos com resultados abaixo.

Gráficos Box-Plot do efeito do exercício na fadiga em A) após 6 meses de intervenção e B) após um ano. (Vashistha, V. et a. 2016) - clique na imagem para visualiza-la melhor.

Cabeçalho do artigo citaddo acima (Vashistha, V. et al. 2016)

Em ambos os estudos fica clara a necessidade de acompanhamento e planejamento específicos para o paciente com câncer de próstata e, uma vez respeitadas estas condições, os benefícios do exercício físico são inúmeros e incontestes.

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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

Referências:
Segal, Roanne J., et al. "Resistance exercise in men receiving androgen deprivation therapy for prostate cancer." Journal of clinical oncology 21.9 (2003): 1653-1659.
Vashistha, Vishal, et al. "The Effects of Exercise on Fatigue, Quality of Life, and Psychological Function for Men with Prostate Cancer: Systematic Review and Meta-analyses." European Urology Focus (2016).

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