A caquexia do câncer é uma
síndrome multifatorial, caracterizada pela perda de massa muscular com ou sem
perda concomitante de gordura, a qual não pode ser revertida por abordagem
nutricional convencional, levando a um prejuízo funcional progressivo.
A caquexia está associada a
aproximadamente 80% dos casos de câncer severo e é responsável por mais de 30%
das mortes; uma das estratégias nutricionais a serem utilizadas para atenuar os
efeitos da caquexia, além do exercício físico, é a suplementação de algumas
aminas. Aminas são substâncias orgânicas moderadamente polares, as quais têm um
grupo amino (NH) isolado. Entre as aminas, citamos os BCAAs (isoleucina,
leucina e valina) e a creatina. A
leucina, em roedores com tumor, destaca-se por manter o turnover de proteína,
reduzir assim a perda de peso associado ao tumor. A creatina, por sua vez, em roedores,
contribui para a diminuição do crescimento tumoral ou na melhora da ação de um agente
quimioterápico experimental chamado Metilglioxal.
Em humanos, poucos estudos procuraram
investigar o efeito de creatina. Num deles, Burgeouis et al (2008) administrou
creatina para crianças e adolescente (2-17 anos) com leucemia e observou
melhora de manutenção de massa óssea e diminuição da perda de gordura, enquanto
que Norman et al (2006) observaram
que a suplementação de creatina em
portadores de câncer colorretal foi
capaz de promover aumento de força (constatada em dinamômetro).
Embora os resultados pareçam
promissores, eles ainda são escassos. Faltam mais estudos em modelo animal e
com diferentes tipos de células tumorais para corroborar esses achados e, além
disso, numa etapa posterior, estudos clínicos (em humanos). Para concluir, esses
dois suplementos ainda devem ser mais investigados no que tange aos seus
efeitos na dinâmica de crescimento tumoral, na sua interação com o tratamento
farmacológico e consequentemente, na caquexia e prognóstico da doença.
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Até a próxima
Dra. Patrícia Campos-Ferraz
Para saber mais:
de Campos‐Ferraz, Patrícia Lopes, et
al. "An overview of amines as nutritional supplements to counteract cancer cachexia." Journal
of cachexia, sarcopenia and muscle 5.2 (2014): 105-110.,
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