21 julho, 2015

Efeitos do exercício na neuropatia induzida pela quimioterapia.


O tratamento quimioterápico utilizado no combate ao câncer provoca inúmeros efeitos adversos. Estes efeitos podem se manifestar de diferentes formas e intensidades, dependendo do tipo de droga utilizada, assim como de sua dosagem e esquema de administração. Muitos dos agentes quimioterápicos são considerados neurotóxicos e podem provocar degeneração ou disfunção nos nervos periféricos, ocasionando alterações motoras, sensitivas e autonômicas. Pacientes que vivenciam este quadro possuem dificuldade em manter o equilíbrio em situações rotineiras como andar, mudar de direção, ficar em pé e levantar-se, além da falta de sensibilidade nas mãos e pés.  Esta condição é chamada de neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, sendo muito recorrente durante o tratamento, acarretando em redução da qualidade de vida do paciente (ver tabela abaixo de incidência de acordo com a droga e dosagem).
Tabela retirada do artigo "Abordagem da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia" (Afonseca et al. 2010).
Considerando esta situação e ponderando sobre os benefícios causados pelo exercício no equilíbrio e propriocepção em uma população saudável, a pesquisadora Dra. Lisa Sprod do Rocky Mountain Cancer Rehabilitation Institute (Colorado, USA) apresentou, em artigo publicado em 2009, um protocolo de atividade física a ser aplicado em pacientes durante o tratamento que integra exercícios de força com de equilíbrio, alternando estímulos com base fixa (dois pés no chão) com os de base instável (sobre almofadas e discos de equilíbrios). Segundo a autora, o principal objetivo deste protocolo é de promover aumento de força e estimular o sistema nervoso periférico, diminuindo os sintomas neurotóxicos das drogas utilizadas pelos pacientes (veja abaixo alguns dos exercícios propostos pelo artigo).

Sequência de exercícios propostos no artigo

Sequência de exercícios propostos pelo artigo - continuação

Cabeçalho do artigo

Utilizando um protocolo de atividade física similar ao proposto pela Dra. Lisa, pesquisadores da Universidade de Freiburg (Alemanha), realizaram, em 2014, uma intervenção de 36 semanas em 30 pacientes com linfoma recebendo tratamento quimioterápico e verificaram melhoras significativas nas avaliações de equilíbrio (monopodal estático e com perturbação, bipodal e na retomada do equilíbrio) quando comparado com grupo controle (sedentário). Vale destacar que, no teste de sensibilidade profunda dos pés e das mãos, 87,5% dos pacientes que treinaram melhoraram os seus escores contra 0% de pacientes do grupo sedentário. Também foram constatados aumentos significativos na qualidade de vida e na capacidade aeróbica no grupo que treinou.

Cabeçalho do artigo

Ainda são poucos os estudos de qualidade que avaliaram os efeitos do exercício na neuropatia induzida pela quimioterapia, o que não nos dá a certeza de sucesso desta intervenção nesta população. Porém, pela premissa levantada e pelo que já foi apresentado, a realização de protocolos da atividade física que contemplem estímulos de equilíbrio e propriocepção parecem ser promissores na redução destes sintomas.
Até a próxima...

Msc. Rodrigo Ferraz

Para saber mais:
Argyriou, Andreas A., et al. "Chemotherapy-induced peripheral neuropathy in adults: a comprehensive update of the literature." Cancer management and research 6 (2014): 135.
Sprod, Lisa K. "Considerations for training cancer survivors." Strength and conditioning journal 31.1 (2009): 39.
Streckmann, F., et al. "Exercise program improves therapy-related side-effects and quality of life in lymphoma patients undergoing therapy." Annals of oncology 25.2 (2014): 493-499.

Nenhum comentário:

Postar um comentário